São muitas as vantagens para o pequeno produtor rural de Santarém, pois a produção da cultura da fibra não exige muito do solo, pode ser consorciada com outras culturas e têm muita resistência as pragas. Aparece como uma alternativa adicional para o pequeno produtor, pois, além de diversificar a sua produção, atrai investimento e gera emprego, e trata-se de uma produção de baixo custo e de fácil plantio.
O curauá tem mercado bastante amplo e desafiador, pois como se vê, a demanda por esse produto é muito grande. É nesse contexto que Santarém tem reais possibilidades de tornar-se um grande produtor da fibra de curauá, já que domina a cultura há bastante tempo.
O curauá tem fibras longas e de alta resistência. Com o tempo, as folhas mais velhas vão ficando embaixo, com as novas em volta, e a partir daí, pode-se colher conforme vão amadurecendo. O curauá tem vantagens quando comparadas a outros tipos de cultura: trata-se de uma planta que não possui uma safra especifica para a colheita, pois gera novas folhas periodicamente, podendo ser colhida o ano todo.
Do fruto comestível pode-se fazer suco, sendo bem menor que o do abacaxi e mais azedo. Durante seu ciclo de vida a planta pode gerar, em dois anos, uma média de 96 folhas, onde 15 folhas correspondem a 1kg de fibra, o que daria uma média de 6,4kg de folha por planta. Como somente 6% do peso da folha transforma-se em fibra após a descorticação, cada planta produz em média 384g de fibra durante seu ciclo de vida
Quando o plantio do curauá é conduzido com tratos culturais adequados, utilizando adubação correta, capina e cobertura morta, o produtor pode colher por vários anos numa mesma área, sem necessidade de fazer replantio de novas mudas em novas áreas. O curauá pode ser cultivado em consórcio com outras culturas, adaptando-se com essências florestais como andiroba e cumarú. Essa pratica é característica da agricultura familiar do Lago Grande do Curuai/Santarém-Pa, introduzida na década de 90 pelos técnicos da Emater, transformando-se numa alternativa de renda para o pequeno produtor.
Outro fator importante do curauá está na leveza da fibra. Por ser mais resistente que a fibra de vidro, pode substituí-la nas indústrias onde a fibra sintética é utilizada. Leva vantagem ainda por ser biodegradável, reciclável e resultar de uma fonte renovável da natureza. Sua produção não agride o meio ambiente. A indústria automobilística se interessou pelo curauá por ser uma fibra que não apresenta odor quando processada, absorve pouca umidade e possui maior reciclabilidade, e apresenta melhor relação peso/resistência dentre as demais fibras, além de não potencializar os acidentes, e ser de baixa densidade e baixo consumo de energia, fatores que ajudaram a conquistar o mercado automobilístico.
O curauá é planta da qual se pode aproveitar praticamente todo o vegetal, por isso foi considerAda a fibra mais promissora entre as encontradas na Amazônia brasileira.
Segundo Cristovam Sena, da Emater,
“Entre as espécies com maior potencial para produção de fibras na Amazônia, está o curauá, com reais possibilidades de se transformar em importante fonte de matéria-prima para as indústrias têxteis e automobilísticas”. (Jornal Gazeta de Santarém, setembro/1995)
A produção da fibra de curauá tem muita relevância para a economia tanto de Santarém como para o Estado do Pará que vem desenvolvendo projetos referentes à fibra. Todos os dias são descobertas novas utilizações para o curauá, Ananás erectifolius, fibra natural amazônica. A mais recente segundo Cristovam Sena, feito pela multinacional americana General Eletric (GE), foi a da sua aplicabilidade na produção de peças plásticas para indústria eletro-eletrônica, substituindo produtos minerais que antes eram utilizados na fabricação destas peças, principalmente a fibra de vidro. Com uma vantagem adicional, as peças feitas com curauá são biodegradáveis e recicláveis.
Foi a partir dessas grandes descobertas do grande potencial da fibra de curauá que a Pematec instalou-se em Santarém produzindo mantas de curauá, e vem trabalhando ainda abaixo de seu potencial produtivo por falta de fibra. Com uma capacidade instalada para produzir 450 toneladas de manta/mês, atualmente a Pematec produz apenas 120 toneladas manta/mês, havendo necessidade para aumentar esta produção para 180 toneladas/mês até o final de 2006.
Em 2005, segundo Cristovam Sena, se houver produção suficiente da fibra, a demanda anual de curauá, somente para o atendimento da capacidade instalada da Pematec, é de 2.700 toneladas de fibra natural. Hoje são produzidas somente 80 toneladas/ano de fibra de curauá, sendo que o restante da necessidade de fibra natural da empresa é suprida com a compra de juta e malva, adquirida de outras regiões e até de outros Estados, provocando evasão de divisas que bem poderiam irrigar a já combalida economia local.
De acordo ainda com Cristovam Sena (2005)
O mais interessante, é que a indústria automobilística ainda está limitada a utilizar apenas 6 quilos de manta de curauá por veículo, por pura falta de produto, mas que tem possibilidade de triplicar esta utilização. Por outro lado, se houver produção suficiente e até excedente, a Pematec já sinalizou com uma ampliação de sua planta industrial. (Jornal a Gazeta de Santarém, 09/2005)
Hoje a ampla utilização da fibra do curauá em vários setores industriais já virou realidade. Algumas delas, como na indústria têxtil, a fibra do curauá é uma sucedânea natural do linho e outras fibras nobres na produção de tecidos finos. Pesquisadores japoneses, segundo o Cristovam Sena, ficaram encantados com as propriedades naturais do curauá, como comprimento, sedosidade, textura e principalmente diâmetro da fibra, e já realizam pesquisas para usá-la em substituição ao fio de seda, "atrativos não faltam ao curauá", emenda Sena. Os santarenos no Pará, também descobriram que com as fibras poderiam fazer cordas, redes e cestos. Mas não foram só os santarenos que viram na folha do curauá a utilidade da fibra. A indústria automobilística, celulose, farmacêutica e têxtil são as grandes interessadas na fibra, mucilagem e soro, extraídos das folhas do curauá.
O curauá era pouco conhecido pelo fato do seu uso ter sido empregado de forma artesanal. Atualmente, com a descoberta de novos usos da planta e pela pressão que a indústria automobilística sofre para produzir um carro biodegradável, ou seja, a partir de materiais ecológicos, as indústrias começaram a pesquisar fibras nativas e o curauá foi uma grande descoberta. As fibras são mais macias, leves e resistentes. Hoje ela é usada na fabricação do protetor solar, porta chapéu e das portas laterais dos automóveis. Outros componentes não estão sendo produzidos pela falta de matéria-prima no mercado.
Foi a partir dessas grandes descobertas que se implantou em Santarém a Pematec, uma indústria de fabricação de mantas de curauá, que trabalha ainda muito abaixo de seu potencial produtivo por falta de fibra. Até hoje, a empresa não pode sequer dar muita publicidade ao seu produto, por que não tem como atender a novos pedidos, obrigando-se a trabalhar praticamente na surdina, calada.
Hoje, uma parceria para incentivar a produção da fibra está sendo feita entre a Pematec, Emater, Prefeitura de Santarém e o Banco do Brasil, que garantiria a implantação de 100 hectares (plantio de 2,5 milhões de mudas), através do Pronaf DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável, para 50 famílias do planalto santareno. Cada família receberia 50 mil mudas para plantar. Esta parceria possibilitaria um incremento de 300 toneladas/ano de fibra de curauá, ainda muito inferiormente da necessidade do mercado.
Hoje já pode se ver uma grande mudança na produção da fibra. No início, na região do Lago Grande, os produtores plantavam 4.400 plantas por hectare. Atualmente, através da ação e estudos da Emater e da Pematec, já estão sendo plantados pela agricultura familiar até 25 mil plantas por hectare, garantindo maior lucratividade ao empreendimento.
O mais interessante é que o curauá pode ser plantado em união com essências florestais como cumaru, andiroba, pau rosa, fazendo com que dentro de seis a sete anos, o produtor comece a ganhar dinheiro com a comercialização dos óleos produzidos, ou consorciar com mogno, cedro, freijó, com a finalidade da produção de madeira. O agronegócio da fibra natural constitui uma outra cadeia produtiva que vem ganhando importância na economia paraense, como resultado direto da ação governamental.
Nesse segmento, como culturas mais tradicionais sobressaem a juta e malva, nas quais o Pará é o segundo maior produtor nacional. Porém, a grande novidade na matriz econômica estadual é a industrialização da fibra do coco, ancorada, atualmente, em dois empreendimentos localizados no Nordeste paraense, voltados para a produção de componentes de automóvel e artefatos de jardim.
Do mesmo modo, ganha relevo o processo de industrialização da fibra do curauá, na região de entorno de Santarém, envolvendo inicialmente cerca de mil unidades familiares de produção de matéria-prima destinada à produção da manta industrial.
O curauá desde o início do século XX era utilizado pelos índios para confeccionar linhas e redes de pesca, barbantes, cordões, cordas para usos diversos e para rede de dormir. Desde 1920 o curauá tinha exploração agrícola em larga escala na fazenda Taperinha (Santarém), com 500.000 plantas. Em 1990, 50 comunidades cultivavam a planta em consórcio com diferentes culturas.
O curauá pode ser utilizado na produção de telhas, em substituição ao amianto, pisos, painéis, pára-choques, frisos, confecção de papel, anestésico. A fibra de curauá apresenta vantagens por ser material renovável e reciclável, O beneficiamento da fibra de curauá é feito pela mesma máquina utilizada no sisal.