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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

PRÁTICAS UTILIZADAS NO PLANTIO E NA COLHEITA DO CURAUÁ


3.1 ESCOLHA DA ÁREA
 Escolher de preferência as áreas já alteradas, evitando utilizar áreas de pasto abandonado, o curauá se desenvolve melhor em solos arenosos, podendo também ser plantado em solo areno-argiloso. O módulo de produção ideal é de 2ha por família. O mais importante é não desmatar para plantar curauá.

3.2 PREPARO DO TERRENO
 O terreno para o preparo não precisa ser mecanizado, deve ser de modo tradicional e preferencialmente no mês de setembro.

3.3 SELEÇÃO DAS MUDAS
 As mudas são provenientes dos rebentos (mudas que brotam da base da planta), sendo que as mudas ideais devem medir entre 30 e 50 cm de comprimento e podem ser aproveitadas como adubo orgânico ou ração animal.

3.4 PLANTIO E ESPAÇAMENTOS
As covas para o plantio devem ser preparadas com enxada e ter uma profundidade entre 10 e 15 cm, apertando bem a terra em volta da muda. Se possível, colocando adubo orgânico na cova (esterco de gado ou cama de frango). O espaçamento recomendado é 1,0 x 0,5m, com 20.000 mudas de curauá por hectare.

3.5 CONSÓRCIOS
 No primeiro ano pode ser consorciado com a mandioca (plantio nas entrelinha), o curauá aceita também consórcios com fruteiras ou essências florestais. Recomenda-se a utilização da andiroba, cumaru, mogno, cedro, etc. Essas culturas devem ser plantadas logo no início do plantio do curauá, no espaçamento de 12m x 8m.

3.6 TRATOS CULTURAIS
Capinar e amontoar são os tratos essenciais no cultivo do curauá, se possível deve se fazer uma cobertura morta com casca de arroz ou outro material orgânico. A cobertura morta com casca de arroz evita a capina manual e favorece a retenção de água no solo, beneficiando a planta com relação ao seu crescimento vegetativo, produção de mudas e fibra.

3.7 COLHEITA
A primeira colheita é obtida após um ano do plantio, retirando-se as folhas maduras da planta mãe, as demais colheitas serão realizadas da planta mãe e da filha que cresce ao seu lado, num intervalo que varia entre 3 e 4 meses.

 3.8 MUCILAGEM
 Pode ser aproveitada como adubo orgânico ou ração animal.

3.9 RENDIMENTO
                    Uma planta de curauá produz em média 48 folhas maduras por ano, em média, 16 folhas de curauá pesam um quilo, um hectare de curauá pode produzir até 60/ t de folhas por ano, ou seja, 120/ t por módulo familiar de 2 ha

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA DO CURAUÁ


Monocotiledônea/Família das bromeliáceas com o nome cientifico de Ananás Lucidus Miller ou Ananás erectifolius Smit. A folha não apresenta espinhos, são eretas, coriáceas, medindo cerca de 5 cm de largura, 5 mm de espessura e 1,5 m de comprimento.
O caule atinge cerca de 1,5 metros, o fruto semelhante em aspecto e gosto ao do abacaxi porém de tamanho mais reduzido e com mais fibra. Com duas variedades sendo o de folha roxa – avermelhada (curauá roxo) e folha verde claro (curauá branco) possuindo diferença no rendimento, na resistência e maciez das fibras, no porte das plantas e na quantidade rebentos produzidos.

O sistema reprodutivo do curauá tem inflorescência[1] composta por várias flores individuais, sendo que cada planta pode apresentar mais de uma inflorescência, é uma planta monóica[2] com flores hermafroditas[3].

O plantio de curauá é feito através de mudas. Após um ano do plantio começa a produzir folhas maduras que são colhidas manualmente e descortiçadas para produção da fibra natural do curauá. A folha é constituída de 6% de fibra e 94% de mucilagem que pode ser aproveitada como ração animal ou adubo orgânico.

Um hectare de curauá chega a produzir até 60 toneladas de folha, ou 3,6 toneladas de fibra natural. Hoje uma tonelada de fibra de curauá está cotada em mais de R$ 4 mil. Ou seja, um rendimento anual de mais de 14 mil reais ou R$ 1.200,00 por mês, visto que uma família é capaz de cuidar muito bem de 2 hectares.




[1] Inflorescência – Peça florífera em que há mais de uma flor num pedúnculo.
[2] Monóica – Que apresenta monécia; árvore monóica.
[3] Hermafroditas – Diz-se de, ou ser que tem órgãos reprodutores dos dois sexos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

VANTAGENS


São muitas as vantagens para o pequeno produtor rural de Santarém, pois a produção da cultura da fibra não exige muito do solo, pode ser consorciada com outras culturas e têm muita resistência as pragas. Aparece como uma alternativa adicional para o pequeno produtor, pois, além de diversificar a sua produção, atrai investimento e gera emprego, e trata-se de uma produção de baixo custo e de fácil plantio.
 O curauá tem mercado bastante amplo e desafiador, pois como se vê, a demanda por esse produto é muito grande. É nesse contexto que Santarém tem reais possibilidades de tornar-se um grande produtor da fibra de curauá, já que domina a cultura há bastante tempo.
 O curauá tem fibras longas e de alta resistência. Com o tempo, as folhas mais velhas vão ficando embaixo, com as novas em volta, e a partir daí, pode-se colher conforme vão amadurecendo. O curauá tem vantagens quando comparadas a outros tipos de cultura: trata-se de uma planta que não possui uma safra especifica para a colheita, pois gera novas folhas periodicamente, podendo ser colhida o ano todo.
Do fruto comestível pode-se fazer suco, sendo bem menor que o do abacaxi e mais azedo. Durante seu ciclo de vida a planta pode gerar, em dois anos, uma média de 96 folhas, onde 15 folhas correspondem a 1kg de fibra, o que daria uma  média de 6,4kg de folha por planta.  Como somente 6% do peso da folha transforma-se em fibra após a descorticação, cada planta produz em média 384g de fibra durante seu ciclo de vida
 Quando o plantio do curauá é conduzido com tratos culturais adequados, utilizando adubação correta, capina e cobertura morta, o produtor pode colher por vários anos numa mesma área, sem necessidade de fazer replantio de novas mudas em novas áreas. O curauá pode ser cultivado em consórcio com outras culturas, adaptando-se com essências florestais como andiroba e cumarú.  Essa pratica é característica da agricultura familiar do Lago Grande do Curuai/Santarém-Pa, introduzida na década de 90 pelos técnicos da Emater, transformando-se numa alternativa de renda para o pequeno produtor.
 Outro fator importante do curauá está na leveza da fibra. Por ser mais resistente que a fibra de vidro, pode substituí-la nas indústrias onde a fibra sintética[1] é utilizada. Leva vantagem ainda por ser biodegradável, reciclável[2] e resultar de uma fonte renovável da natureza. Sua produção não agride o meio ambiente.
A indústria automobilística se interessou pelo curauá por ser uma fibra que não apresenta odor quando processada, absorve pouca umidade e possui maior reciclabilidade, e apresenta melhor relação peso/resistência dentre as demais fibras, além de não potencializar os acidentes, e ser de baixa densidade e baixo consumo de energia, fatores que ajudaram a conquistar o mercado automobilístico.
 O curauá é planta da qual se pode aproveitar praticamente todo o vegetal, por isso foi considerAda a fibra mais promissora entre as encontradas na Amazônia brasileira.
 Segundo Cristovam Sena, da Emater,

 “Entre as espécies com maior potencial para produção de fibras na Amazônia, está o curauá, com reais possibilidades de se transformar em importante fonte de matéria-prima para as indústrias têxteis e automobilísticas”. (Jornal Gazeta de Santarém, setembro/1995)

A produção da fibra de curauá tem muita relevância para a economia tanto de Santarém como para o Estado do Pará que vem desenvolvendo projetos referentes à fibra. Todos os dias são descobertas novas utilizações para o curauá, Ananás erectifolius, fibra natural amazônica. A mais recente segundo Cristovam Sena, feito pela multinacional americana General Eletric (GE), foi a da sua aplicabilidade na produção de peças plásticas para indústria eletro-eletrônica, substituindo produtos minerais que antes eram utilizados na fabricação destas peças, principalmente a fibra de vidro. Com uma vantagem adicional, as peças feitas com curauá são biodegradáveis e recicláveis.
Foi a partir dessas grandes descobertas do grande potencial da fibra de curauá que a Pematec instalou-se em Santarém produzindo mantas de curauá, e vem trabalhando ainda abaixo de seu potencial produtivo por falta de fibra. Com uma capacidade instalada para produzir 450 toneladas de manta/mês, atualmente a Pematec produz apenas 120 toneladas manta/mês, havendo necessidade para aumentar esta produção para 180 toneladas/mês até o final de 2006.
Em 2005, segundo Cristovam Sena, se houver produção suficiente da fibra, a demanda anual de curauá, somente para o atendimento da capacidade instalada da Pematec, é de 2.700 toneladas de fibra natural. Hoje são produzidas somente 80 toneladas/ano de fibra de curauá, sendo que o restante da necessidade de fibra natural da empresa é suprida com a compra de juta e malva, adquirida de outras regiões e até de outros Estados, provocando evasão de divisas que bem poderiam irrigar a já combalida economia local.

De acordo ainda com Cristovam Sena (2005)

O mais interessante, é que a indústria automobilística ainda está limitada a utilizar apenas 6 quilos de manta de curauá por veículo, por pura falta de produto, mas que tem possibilidade de triplicar esta utilização. Por outro lado, se houver produção suficiente e até excedente, a Pematec já sinalizou com uma ampliação de sua planta industrial. (Jornal a Gazeta de Santarém, 09/2005)

Hoje a ampla utilização da fibra do curauá em vários setores industriais já virou realidade. Algumas delas, como na indústria têxtil, a fibra do curauá é uma sucedânea natural do linho e outras fibras nobres na produção de tecidos finos. Pesquisadores japoneses, segundo o Cristovam Sena, ficaram encantados com as propriedades naturais do curauá, como comprimento, sedosidade[3], textura e principalmente diâmetro da fibra, e já realizam pesquisas para usá-la em substituição ao fio de seda, "atrativos não faltam ao curauá", emenda Sena.
 Os santarenos no Pará, também descobriram que com as fibras poderiam fazer cordas, redes e cestos. Mas não foram só os santarenos que viram na folha do curauá a utilidade da fibra. A indústria automobilística, celulose, farmacêutica e têxtil são as grandes interessadas na fibra, mucilagem e soro, extraídos das folhas do curauá.
O curauá era pouco conhecido pelo fato do seu uso ter sido empregado de forma artesanal. Atualmente, com a descoberta de novos usos da planta e pela pressão que a indústria automobilística sofre para produzir um carro biodegradável, ou seja, a partir de materiais ecológicos, as indústrias começaram a pesquisar fibras nativas e o curauá foi uma grande descoberta. As fibras são mais macias, leves e resistentes. Hoje ela é usada na fabricação do protetor solar, porta chapéu e das portas laterais dos automóveis. Outros componentes não estão sendo produzidos pela falta de matéria-prima no mercado.
 Foi a partir dessas grandes descobertas que se implantou em Santarém a Pematec, uma indústria de fabricação de mantas de curauá, que trabalha ainda muito abaixo de seu potencial produtivo por falta de fibra. Até hoje, a empresa não pode sequer dar muita publicidade ao seu produto, por que não tem como atender a novos pedidos, obrigando-se a trabalhar praticamente na surdina, calada.
Hoje, uma parceria para incentivar a produção da fibra está sendo feita entre a Pematec, Emater, Prefeitura de Santarém e o Banco do Brasil, que garantiria a implantação de 100 hectares (plantio de 2,5 milhões de mudas), através do Pronaf DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável, para 50 famílias do planalto santareno. Cada família receberia 50 mil mudas para plantar. Esta parceria possibilitaria um incremento de 300 toneladas/ano de fibra de curauá, ainda muito inferiormente da necessidade do mercado.
Hoje já pode se ver uma grande mudança na produção da fibra. No início, na região do Lago Grande, os produtores plantavam 4.400 plantas por hectare. Atualmente, através da ação e estudos da Emater e da Pematec, já estão sendo plantados pela agricultura familiar até 25 mil plantas por hectare, garantindo maior lucratividade ao empreendimento.
 O mais interessante é que o curauá pode ser plantado em união com essências florestais como cumaru, andiroba, pau rosa, fazendo com que dentro de seis a sete anos, o produtor comece a ganhar dinheiro com a comercialização dos óleos produzidos, ou consorciar com mogno, cedro, freijó, com a finalidade da produção de madeira. O agronegócio da fibra natural constitui uma outra cadeia produtiva que vem ganhando importância na economia paraense, como resultado direto da ação governamental.
 Nesse segmento, como culturas mais tradicionais sobressaem a juta e malva, nas quais o Pará é o segundo maior produtor nacional. Porém, a grande novidade na matriz econômica estadual é a industrialização da fibra do coco, ancorada, atualmente, em dois empreendimentos localizados no Nordeste paraense, voltados para a produção de componentes de automóvel e artefatos de jardim.
 Do mesmo modo, ganha relevo o processo de industrialização da fibra do curauá, na região de entorno de Santarém, envolvendo inicialmente cerca de mil unidades familiares de produção de matéria-prima destinada à produção da manta industrial.
 O curauá desde o início do século XX era utilizado pelos índios para confeccionar linhas e redes de pesca, barbantes, cordões, cordas para usos diversos e para rede de dormir. Desde 1920 o curauá tinha exploração agrícola em larga escala na fazenda Taperinha (Santarém), com 500.000 plantas. Em 1990, 50 comunidades cultivavam a planta em consórcio com diferentes culturas.
 O curauá pode ser utilizado na produção de telhas, em substituição ao amianto, pisos, painéis, pára-choques, frisos, confecção de papel, anestésico. A fibra de curauá apresenta vantagens por ser material renovável e reciclável, O beneficiamento da fibra de curauá é feito pela mesma máquina utilizada no sisal.



[1] Fibra sintética – Fibra não natural.
[2] Reciclável – Fazer passar por novo ciclo. Reaproveitar (material já utilizado) na obtenção ou fabricação de novos  produtos. Passar por reciclagem
[3] Sedosidade – Semelhante a sêda.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

HISTÓRICO SOBRE A CULTURA DO CURAUÁ


Curauá é o nome popular de uma planta rústica da região Amazônica, cujas folhas produzem uma fibra têxtil de natureza lignocelulósica. Trata-se de uma bromeliácea[1], do tipo ananás, especificamente ananás erectipholius, cujo habitat nativo é a Amazônia, com ocorrência mais significativa no Pará, em Santarém, na comunidade do Lago Grande do Curuai. Existem duas variedades distintas do curauá (branca e roxa), cuja altura média pode atinge 1,5 m de altura e produz um fruto pouco suculento, mas comestível pelas pessoas.
 Planta de cultura pré-colombiana, cultivada por pequenos produtores e utilizada na fabricação de cordas, sacos, redes, artesanato e outros utensílios de utilização indígena.
 O plantio do curauá, consorciado com cultura perene de valor comercial, representa alternativa econômica aos pequenos agricultores da região, por tratar-se de cultura rústica e adaptada a solos de baixa fertilidade, facilitando o aproveitamento de áreas alteradas encontradas em larga escala nas pequenas propriedades rurais.
 Atualmente, o Estado do Pará é o único que possui plantios de curauá. Toda a produção já está comprometida em contrato com a indústria automobilística brasileira. "O Pará está produzindo 20 toneladas de fibra por mês, enquanto a necessidade da indústria automobilística e têxtil gira em torno de 1.000 toneladas de fibra por mês.
 Um dos grandes entraves para o aumento da área de cultivo está sendo a falta de mudas no mercado. No Pará existem laboratórios construídos para produzirem mudas de curauá, mesmo assim, não conseguiram atender o mercado. Em uma planta nativa adulta é possível obter-se até seis rebentos ou perfilhos (mudas) ha/ano. No laboratório podem ser produzidas de 8 a 10 mil mudas/ano.
 Segundo pesquisador da EMBRAPA Osmar Lameira (2005), o mercado industrial necessita de 125 milhões de mudas para uma área de cultivo de 5.000 hectares. "O ideal seria que além do plantio também hajam mais laboratórios para acelerar a produção de mudas. A dificuldade para os agricultores é o financiamento”.
 O tecido produzido pela fibra do curauá é antialérgico[2] nesse sentido aumentou o interesse da indústria têxtil. A universidade Federal do Pará vem desenvolvendo pesquisas para a produção de uma pomada antimicrobiana[3]. Além disso, a fibra pode ser usada também pela indústria de celulose, calçadista, de informática, na fabricação de papel artesanal e na fabricação de fios para a indústria joalheira. Além de que, o soro pode ser aproveitado em adubos orgânicos e pela indústria farmacêutica e a mucilagem[4] na fabricação de papel artesanal e industrial e adubo orgânico.
Em 1890, segundo Dr. Erich Imbiriba, levada à Exposição Agro-Industrial de Paris, a fibra do curauá, foi premiada por técnicos franceses que a consideraram o melhor sucedâneo[5] do nobre linho, se tratado com determinados produtos químicos (desgomagem de hoje). Estas boas referências levaram um suíço, Godofredo Hagmamn, empresário rural em Santarém a plantar 500 mil pés de curauá e solicitar 1.000 contos de réis, para construir, em Santarém, a segunda tecelagem do Brasil, abastecida com curauá.
 Em 1929 o cientista paraense Enéas Pinheiro, em visita ao plantio deu parecer favorável ao empréstimo, mas nada evitou o desinteresse oficial, pelo assunto. Nos anos 60, o Banco da Amazônia (Basa), numa ação desenvolvimentista, testou as ricas potencialidades do curauá, o que levou a financiar uma monografia sobre a planta, a compra de máquinas descortiçadoras  de sisal( fibra mais fraca, mas folhas semelhantes ao curauá) empréstimos para a expansão do curauá, cuja produção era insignificante e necessitando de imediato e sério programa para crescer, para atendimento de grande interesse surgido por essa fibra.
Em 1985, o pesquisador Benatti Júniot, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), veio a Santarém, tentar descortiçar[6] juta/malva, com descortiçador de linho rami. Realizou o teste com juta/malva, mas se interessou vivamente pelo curauá. Levou as fibras para Campinas, manifestando-se convencido de que o curauá, submetido a uma boa desgomagem, produziria um linho-rami.
 Em 1993, Benatti Jr., acompanhado de dois industriais operadores de desgomagem de fibra de rami, vieram integrar a equipe de vinte técnicos que elaboraram o Programa de Tecnologias de Produção e Beneficiamento de Fibras Naturais, onde mais uma vez mostrou interesse em incluir o curauá, no programa.
 O curauá, fibra nativa da Amazônia, começou a ser utilizada na região do Lago Grande do Curuai em Santarém-Pa ainda pelos índios "Curuais", depois por vaqueiros e fazendeiros na confecção de cordas, arreios e outros utensílios de manuseio de gado. A fibra do curauá passou a despertar o interesse de pesquisadores e chegou à indústria automobilística a partir de 1993, quando foi apresentado em Belém pelo engenheiro florestal da Emater Cristovam Sena durante Simpósio Internacional patrocinado pela UFPA, Poema e DIMLER Benz. A partir desse momento se intensificaram os estudos e as descobertas de novas aplicações da fibra, mas a sua produção não acompanhou a evolução da pesquisa.
 Nesse momento, também já havia o interesse da empresa automobilística Mercedes-benz do Brasil pela fibra, para fabricação de estofamento de seus veículos. Esta montadora Mercedes-benz do Brasil firmou parceria com um grupo de pesquisadores que estuda o curauá, no sentido de racionalizar e expandir a sua produção. Em 1996, três indústrias paulistas, produtores de compósitos[7], visitaram a zona produtora de curauá e demonstraram alto interesse, chegando propor a construção de uma usina de semi-elaboração[8] da fibra, transformando a em “mantas”, matéria-prima do compósito.  A usina seria em Santarém, agregando mais valores no preço aos produtores.
Em outubro de 2001 a plantação de curauá ocupava uma área aproximada de 400 hectares, na região do Lago Grande. O cultivo da fibra foi incentivado no inicio da década de 90 e intensificado a partir dos anos de 1996 e 1997. As técnicas de plantio e processamento ainda eram feitos de maneira rudimentar; o que fatalmente comprometia a oferta do produto em larga escala. Nesse período, segundo José Colares, técnico da Secretaria Especial de Produção, existiam várias empresas interessadas em fazer o processamento industrial da fibra, mas o problema era que não havia produção suficiente. (Gazeta de Santarém, 2001)
 O desenvolvimento engloba os fatores, crescimento econômico, queda do desemprego, da desigualdade social e da pobreza e, melhoria das condições de saúde, nutrição, educação, moradia e transportes à população envolvida. Fatores estes que se refletem em transformações sociais, econômicas, políticas e institucionais, sem as quais é impossível conseguir “crescer” ou “desenvolver” determinada região.
 Buscando um embasamento teórico, vimos que segundo Sandroni (1999:p.18) Desenvolvimento Econômico :

 [...] crescimento econômico (aumento do produto nacional per capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia.

Não existe uma definição globalmente aceita de desenvolvimento.  Para alguns economistas, de inspiração mais teórica, consideram o crescimento como sinônimo de desenvolvimento. Já outros economistas, voltados para a realidade empírica, consideram que o crescimento é condição indispensável para o desenvolvimento, mas não é condição suficiente. Esses economistas são respectivamente, Neoclássicos e de inspiração Keynesiana.
Pode-se considerar que o desenvolvimento econômico é um conjunto de transformações intimamente associadas, que se produzem na estrutura de uma economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento. Essas mudanças concernem a composição da demanda, da produção e dos empregos, assim como o estrangeiro. Consideradas em conjunto, essas mudanças estruturais definem a passagem de um sistema econômico tradicional a um sistema econômico moderno (chenery,1981,p.IX).

Desenvolvimento econômico defini-se, portanto , pela existência  de crescimento econômico  contínuo, em ritmo superior ao crescimento  demográfico,  envolvendo mudanças de estruturas e melhoria de indicadores econômicos  e  sociais.
 Esses fatores são primordiais para o processo de desenvolvimento de uma sociedade, e se fazem necessárias alternativas criativas para que se possam solucionar ou amenizar a situação de desemprego, baixa renda, êxodo rural e outros. Santarém, assim como toda a Região do Tapajós, encontra-se em uma fase de desenvolvimento econômico, fator que gera uma expectativa de crescimento regional significativo, com a implantação de indústrias e o incentivo à agroindústria. A ocorrência destes elementos em cadeia beneficiaria a região com o aumento do nível de emprego, da renda e do consumo de bens e serviços.
 Em 22 de setembro de 2002, o governador Almir Gabriel assinou um termo de compromisso para a criação da Agroindústria da fibra do curauá, no município de Santarém. O termo garantia a isenção fiscal para a Pematec, uma empresa de São Paulo, para que se implantasse a cadeia agroindustrial do curauá na região Oeste paraense. A fibra seria transformada em peças de acabamento e revestimentos internos de veículos automotores fabricados no Brasil.
 A empresa Pematec preparou nessa região Oeste paraense uma área de aproximadamente 300 hectares para o plantio, gerando 250 empregos diretos para famílias de pequenos produtores rurais.


[1] Bromeliácea – São ervas silvestres com caule geralmente reduzido e raízes mal desenvolvidas. As folhas são compridas e estreitas ou largas

[2] Antialérgico – Que não da alergia.
[3] Pomada antimicrobiana - Remédio ou substância que destrói os micróbios ou impede o seu desenvolvimento.
[4] Mucilagem – Designação comum a compostos viscosos produzidos por plantas.
[5] Sucedâneo – Medicamento ou qualquer coisa capaz de substituir outra.
[6] Descortiçar – Tirar a descortiça.
[7] Compósito – Composto de elementos diferentes.
[8]  Semi-elaboração – Produto ainda inacabado.